segunda-feira, 24 de setembro de 2012

“O que você faria, aonde iria chegar?”

O que você faria se, de uma hora pra outra, ficasse famoso? E mais: famoso e com R$ 1.500.000,00 em sua conta bancária? Largaria a sua profissão? Mudaria completamente os planos que sempre teve pra você?
Muitas pessoas vivem sonhando em ser reconhecidas nas ruas, ganhar um sorriso de estranhos, ter uma multidão de fãs e conviver, constantemente, com os flashs. Porque essas pessoas acreditam que a fama é capaz de abrir portas, de conquistar tudo que não era possível antes. Em alguns casos, realmente isso acontece. Porém, engana-se quem pensa que ser famoso é a solução para todos os problemas da vida. A história do ex participante do Big Brother Brasil, Wesley Schunk, é uma prova de que nem todo mundo está disposto a abrir mão de um sonho por causa da fama.

Muita gente vê o Big Brother Brasil como uma oportunidade de ficar famosa e mudar de vida. O que você acha disso? 
Isso é uma ilusão, é muito complicado… Porque eu não acho que é uma coisa que, realmente, possa mudar a sua vida. Mas, a maioria das pessoas que entra no Big Brother não tem uma profissão, uma carreira definida… Por isso, elas chegam lá com o intuito de mudar, de ficar em evidência. Logicamente, o programa abre bastante portas, mas depende muito da sua competência em se manter… É extremamente difícil. Dá pra fazer uma grana bacana, mas que não vai durar pro resto da sua vida. Se você for pensar, foram pouquíssimos os participantes que conseguiram se manter na mídia.
Como você entrou para o programa? 
Eu estava no primeiro ano de residência, trabalhando pra caramba, me dedicando muito. Todo fim de semana e feriado dando plantão… Aí, em novembro, surgiu um feriado de folga e eu combinei com uns amigos de ir pra Maresias (litoral paulista). Eu estava na praia e uns olheiros me acharam no meio do nada! (Risos) Foi muita coincidência, parece que era pra ser mesmo…
E qual foi sua reação?
Na hora, eu não acreditei, não caiu a ficha… Porque eu nunca pensei em participar do programa, nunca tive esse desejo, apesar de acompanhar o BBB. Eu sempre me dediquei bastante aos estudos e jamais imaginei mudar de carreira. Mas, aí, aconteceu de me convidarem para ser um candidato.
Você aceitou o convite na hora?
Não, mas eles insistiram muito. Pegaram meu telefone e me deram algumas horas pra pensar. Me ligaram e eu acabei aceitando por aceitar mesmo. Pensei assim: “Vamos ver no que vai dar.” Aí, fiz um vídeo de inscrição lá em Maresias e eles mandaram pra Globo. O pessoal da Globo me ligou e eu fui duas vezes pro Rio para fazer as entrevistas. Fui selecionado, mas não entrei na primeira chamada do programa. Entrei na terceira semana e, quando abri o olho, eu já estava na final. (Risos)
Mas, se você tivesse ganhado o prêmio de um milhão e meio, teria largado a medicina?
Não, nunca! Não largaria de jeito nenhum. Eu, simplesmente, ia pegar o  dinheiro, investir e continuar tocando a minha vida como médico. Eu não queria seguir uma carreira artística, ficar famoso… A medicina é uma profissão um pouco árdua, mas que me traz uma satisfação muito grande, não só pelo lado financeiro, mas pelo carinho que as pessoas têm por mim. Por isso, nem com um milhão e meio no bolso eu largaria tudo.
Mas, depois que saiu do programa, você ficou um tempo na mídia… 
Fiquei, lógico! Fiquei um ano aproveitando o foco. Eu acho que, se você se expõe a tanto, tem que ter algum benéfico depois. Nesse período que você está em evidência, surge bastante convite pra participar de evento, fazer campanha publicitária… E eu soube aproveitar essa fase. Neste mesmo ano, fui morar nos Estados Unidos pra aprimorar meu inglês… Foi sensacional! Até melhor do que ir pro BBB. (Risos)
Então, compensou ter participado do programa…
Como experiência de vida foi muito bom, muito legal mesmo! Não tenho do que reclamar, até porque eu saí com uma imagem bacana, uma imagem limpa.
O Big Brother influenciou alguma coisa na sua carreira?
Não. Se eu fosse um médico que trabalhasse com estética, acho que teria dado um retorno maior, mas como eu lido com paciente nefrológico, com pacientes idosos, não tiveram grandes transformações. Mas o retorno foi positivo, as pessoas me elogiam…
Você sempre pensou em fazer medicina?
Desde criança, eu sempre quis ser médico, era um desejo muito forte mesmo. E eu sempre senti que tinha vocação pra isso, mesmo não tendo nenhuma influência familiar. Eu não tenho pais médicos… Na minha família, acho que sou o pioneiro, tanto por parte de mãe como de pai.
Por falar em família, seus pais te apoiaram a participar do BBB? 
Minha mãe não gostou muito… Ela é muito religiosa e nunca acompanhou o BBB. E o meu pai pensou na minha carreia como médico. Ele ficou bastante preocupado com a possibilidade do programa me prejudicar. Mas eu entrei com o pé no chão. Fiquei em segundo lugar? Bacana! Mas eu tinha uma carreira… Voltei pra minha vida, voltei a morar onde eu morava, pro meu ciclo de amizade e a frequentar os mesmos lugares… Nada mudou!
E, tudo que acontece lá dentro é, realmente, verdadeiro?
Sim. Até porque, na fase de seleção, eles escolhem pessoas com personalidades totalmente diferentes… Te colocam na casa e aquilo nada mais é do que um laboratório humano. Então, tudo que acontece é muito verdadeiro… Se você briga é porque é briga, se você chora é porque está triste mesmo. Lá dentro, eu descobri que tinha um equilíbrio emocional extremamente grande, era difícil alguém me desestabilizar…
E as brigas devem estar muito ligadas à essa vontade que as pessoas têm de querer aparecer mais pra ficar famosas, né?
O intuito de todo mundo ali é ganhar um milhão e meio. Mas, pra isso, tem alguns que passam por cima de princípios. Tem um povo que entra e viaja demais… A pessoa tem que ter pé no chão! Eu confesso que, quando você sai, é um turbilhão de informação, muita coisa… E, se não tiver uma estrutura familiar, você se perde. Porque a gente fica trancado numa casa e, de repente, você sai e todo mundo te conhece. É muito fácil deslumbrar. Claro que deve ser bom ganhar esse dinheiro, mas, antes, acho legal sair com uma imagem boa. Eu sei que vou ser eternamente um ex-BBB, mas não ligo porque, por trás disso, eu sou médico, construí uma carreira, tenho a minha profissão.
E, hoje, qual é o seu sonho na medicina? 
Logicamente, quero ter reconhecimento profissional e, mais pra frente, meu intuito é investir em um centro de diálise, para lidar com pacientes crônicos. Se Deus quiser, eu chego lá!

Marininha, Wesley e Lili